Transição Climática Caminho para a neutralidade carbónica
Embora a redução das emissões de gases com efeito de estufa seja um objetivo bem conhecido, ainda há muito trabalho a fazer em todos os setores da economia para atingir as metas climáticas globais e evitar um aquecimento catastrófico.
Neste artigo abordamos as principais medidas de redução das emissões. No que respeita ao nosso perfil de carbono, em 2022, cerca de 95% das nossas emissões são provenientes da cadeia de valor (âmbito 3), aproximadamente 3% correspondem às emissões da nossa atividade (âmbito 1), e apenas 2% são relativas à aquisição de eletricidade (âmbito 2).
Sensivelmente, 40% das emissões de âmbito 1 resultam do uso de viaturas, próprias e ao serviço da empresa. Estamos a trabalhar na revisão da nossa política de frota e de mobilidade, em particular nos temas que dizem respeito à substituição e aluguer de viaturas, aos procedimentos de gestão operacional, bem como ao modelo de partilha de viagens, para atualizar estes critérios tendo em consideração o contexto atual. Terminamos o ano de 2022 com cerca de 17% da frota composta por veículos elétricos ou híbridos, que permitiram evitar, num ano, o equivalente a 9 toneladas de CO2 para a atmosfera. Ao mesmo tempo, temos instalado pontos de carregamento de veículos nas nossas instalações, contando com 16 unidades nas instalações de Gaia e com 4 no Douro. Em breve serão colocadas mais 10 unidades nas instalações do Douro, onde ainda são escassos os pontos de carregamento público.
No que se refere a emissões do âmbito 2, resultantes da aquisição de eletricidade, estamos a reforçar a produção de eletricidade renovável de forma que o autoconsumo atinja, a breve trecho, 25% das nossas necessidades. Em 2022, instalamos em 7 locais um total de 600kWp em painéis fotovoltaicos, dando prioridade às instalações que são grandes consumidoras de eletricidade como os centros de engarrafamento e algumas adegas. Por outro lado, estamos a alimentar os novos sistemas de irrigação com painéis solares, reduzindo substancialmente os custos e a pegada carbónica associados a esta atividade. Ao mesmo tempo, temos dedicado esforços na avaliação criteriosa do mercado de eletricidade, procurando as melhores ofertas e garantias de um fornecimento de energia verde com certificados de origem.
O nosso plano de transição climática contempla três grandes dimensões: medidas de redução de emissões ao longo da cadeia de valor, medidas de adaptação climática inerentes ao negócio e, medidas de sequestro de emissões, de base natural e de base tecnológica.
Relativamente, ao âmbito 3, as emissões decorrentes da compra de garrafas representam cerca de 30% do total das nossas emissões, sendo a fonte que individualmente mais contribui para a pegada de carbono. Neste sentido, em 2019, lançamos um programa de aligeiramento das nossas garrafas que deu prioridade aos modelos com maior impacto carbónico. O total de aligeiramento dos 8 primeiros modelos, resulta num potencial de redução de 700 toneladas de vidro, que correspondem a cerca de 566 toneladas de CO2 que é evitado.
Programa de aligeiramento
2020-2022
Garrafas Status
2022
“Se os produtores de vinho em todo o mundo continuarem a arregaçar as mangas, como muitos já estão a fazer, e a adotar estratégias de sustentabilidade verdadeiramente ambiciosas, acredito que coletivamente iremos olhar para trás e afirmar que o sector vitivinícola foi verdadeiramente uma força para o bem.”
Rob Symington,
Marketing & Sustainability Director
Atualmente o peso médio de todas as nossas referências de garrafas para vinhos tranquilos encontra-se nos 427 gramas, muito próxima da meta dos 420 gramas, amplamente aceite como peso máximo para uma garrafa considerada leve, nesta categoria de vinhos.
No que diz respeito aos restantes componentes da embalagem, que têm um peso de 5% no total das emissões, desenvolvemos linhas de orientação para a sua seleção, assentes nos princípios da circularidade e da menor pegada de carbono. Cada novo componente de embalagem é avaliado tendo em consideração o seu ciclo de vida, em particular sobre os impactos associados com a origem das matérias-primas, a incorporação de reciclado, a aptidão para a reciclagem, bem como o contexto atual em termos de recolha e tratamento no seu fim de vida.
Por outro lado, uma parte importante das nossas emissões está intrinsecamente ligada à produção do Vinho do Porto, isto é, cerca de 8% da nossa pegada de carbono resulta da compra de aguardente vínica. Neste sentido, os nossos fornecedores de aguardente são uma prioridade na procura por conhecer o seu desempenho climático e o seu plano de descarbonização.
A compra de uvas também representa uma fatia importante ao contribuir com 12% da nossa pegada de carbono. Neste domínio, temos um plano a 3 anos onde pretendemos chegar a cerca de 60 dos nossos maiores lavradores num trabalho de levantamento de boas práticas agrícolas e de colaboração para a melhoria do seu desempenho em termos de sustentabilidade.
Acreditamos que a transição climática constitui uma oportunidade, em especial para o setor vitivinícola, de transformação tecnológica e de adaptação do negócio para o futuro.
International Wineries for Climate Action
A International Wineries for Climate Action (IWCA) é uma associação de empresas de vinho comprometidas em reduzir as emissões de carbono em toda a indústria vinícola. Juntámo-nos ao IWCA em janeiro de 2020 e alcançámos grandes progressos na redução das nossas emissões de carbono, conseguindo a categoria Silver Member — um testemunho do nosso compromisso com este desafio partilhado.
Os produtores de vinho enfrentam as mesmas ameaças climáticas, independentemente do continente onde estão. Ao integrar o IWCA, tornámo-nos parte de um canal para a troca aberta das mais recentes tecnologias, conhecimentos agronómicos e informações para melhorar as estratégias de redução de emissões de carbono. O IWCA comprometeu-se com a Race to Zero, estabelecendo metas para reduzir as emissões de carbono para atingir a neutralidade carbónica em 2050.
Acreditamos que o movimento coletivo das empresas de vinho na procura por soluções de adaptação e de mitigação às alterações climáticas, assentes em pressupostos rigorosos e verificáveis, é o caminho para que o setor possa constituir um caso de estudo na descarbonização da agricultura.